“Só há um meio eficaz de assegurar
a defesa do patrimônio de arte
e de história do país; é a
educação popular.”
Rodrigo Melo Franco de Andrade
A
preocupação com a durabilidade do objeto da arte é o principal fator que se destaca,
quando procuramos estabelecer relação entre o restaurador e a sociedade. A preocupação em transmitir uma mensagem por
meio da matéria existe desde o período pré-histórico, quando o homem expressava
seu comportamento através das pinturas dentro das cavernas. Os primeiros desses
registros foram recentes, segundo Etzel “os primeiros vestígios tem apenas seis
mil anos antes de cristo” (ETZEL, 1995, p. 10) Antes
desses registros passaram-se milênios sem nenhum registro de sua trajetória.
Conservar e preservar a memória sempre foi uma preocupação da humanidade, assim
como nos mostra George Jean (2002) em sua obra A escrita memória dos homens:
Em seu livro Teoria da Restauração, Cesare Brandi (2005 p.30) afirma que “a restauração constitui o momento metodológico do reconhecimento da obra de arte, na sua consistência física e na sua dúplice polaridade estética e histórica, com vistas à sua transmissão para o futuro”. O autor, ao teorizar sobre o restauro, é considerado um dos protagonistas na área. Brandi trabalha para ampliar os conceitos frente à nova fase do restauro, marcada com o fim da II Guerra Mundial, quando afetou grande parte das construções existentes na Europa do século XX. Em seu livro, Brandi trabalha de modo a adaptar as novas exigências, onde seus conceitos ficaram conhecidos por “restauro crítico”, defendendo que os valores artísticos prevalecem sobre os históricos. Para Brandi, “a restauração deve lograr o restabelecimento da unidade do bem cultural, sempre que seja possível alcançá-la sem cometer uma falsificação artística nem uma falsificação histórica e sem apagar as marcas que são testemunhas do seu tempo de vida” (BRANDI, 2005, p. 15)
Em Evoluções no conceito de restauro, texto publicado em Cartas do Restauro[1], os autores mencionam as passagens dos conceitos a partir da Grécia antiga, quando o restauro se caracterizava pela recuperação dos objetos, não tanto pelas suas funções, mas sim pela espiritualidade que representavam. Na Roma antiga, restaurar significava reparar e refazer com formas mais grandiosas, baseadas nas exigências do momento. O objetivo do restauro era perpetuar a memória e a glória do povo romano, tornando-o imortal. Da Idade Média até o Renascimento continuam a praticar transformações sobre as obras do passado, realizando novas adaptações e reconstruções. Na Idade Clássica, restaurar significa reinterpretar o antigo com uma chave moderna.
As transformações na Europa durante o século XVIII, consequência dos diversos movimentos ocorridos na época, assim como a Revolução Industrial, o Iluminismo e a Revolução Francesa, acarretaram em abandono, destruição e esquecimento aos velhos monumentos do século XIX. Dentro dessas mudanças ocorridas neste período, em diferentes campos do conhecimento, o pensamento em torno do restauro teve que se adaptar aos novos métodos de intervenção, frente às novas descobertas científicas e tecnológicas, principalmente as pesquisas que a indústria química poderia trazer.
Através do restauro se processa o reconhecimento do objeto criado pelo artista. Nessa produção, onde habita o universo do artista, se revela também a sua subjetividade frente às suas experiências e as relações e vivências sociais de seu tempo. Para Jorge Coli a arte “é fruto de uma construção social e cultural”. Cada período histórico reflete o conjunto de características de um determinado contexto de tempo e espaço em que foram criados.
Dentre os pensadores e artistas que refletiram sobre o tema, temos o filósofo Schopenhauer quando diz que “a arte é a contemplação das coisas independente do princípio de razão”. O Pintor Van Gogh diz que “a arte é o homem mais a natureza”. O historiador Georges Duby coloca que “a arte é a expressão da sociedade em seu conjunto: crenças, ideias que faz de si e do mundo”. E o Filósofo Schelling, quando diz que “a beleza á percepção do infinito no finito. A arte é a união do subjetivo, da natureza e da razão, do consciente e do inconsciente.” [2]
Todo artista tem seu modo de pensar a arte, nossas experiências dentro dessas dinâmicas de pensamento e criação perpassam por estados alterados de inconsciência, na busca de entendimento e diálogo da existência, sejam eles filosóficos, científicos ou artísticos, para assim que formulado tal raciocínio, ser dialogado e comunicado ao coletivo, acarretando em complexas visões de um mesmo fenômeno.
Em seu livro A dinâmica do Inconsciente, Carl Jung defende que o ser humano tem duas “Persona”, uma é a dimensão cotidiana, outra a dimensão oculta do nosso eu, a qual se manifesta a partir do inconsciente. Para o autor, o inconsciente seria uma espécie de segundo pensamento,
Os símbolos sempre foram representados buscando condensar princípios vitais do ser humano, instintos manifestados incompreensíveis e inimagináveis do indivíduo, manifestado e materializado, muitas vezes, através de algum fenômeno artístico. Para Fayga Ostrower:
Os materiais e métodos impregnados nesta empreitada variaram com o tempo, não podendo se fechar a um único período, pois, em cada momento histórico e de evolução da indústria química, os processos de intervenção se modificam, tendo o restaurador que se defrontar com os danos causados tanto pelos processos físicos, mecânicos, biológicos e tecnológicos, que são processos naturais, quanto pela mudança de seu suporte trabalhado, sendo a rocha como primeiro suporte, seguindo com a madeira a tela.
Referências
Bibliográficas
De
um lado a outro do mundo, os homens transcreveram sua história na pedra,
argila, papiro, pergaminho ou papel. Estilete, haste, buril, pena: o
instrumento dita a forma. Das primeiras tábuas da Suméria aos livros impressos,
centenas de documentos criados até a descoberta da arte dos escribas, dos
copistas, dos tipógrafos e dos gravadores. (JEAN, 2002, p.12)
Desde que os homens passaram a viver
em sociedade o nível de transformação nas sociedades pode ser atribuído às
diferentes formas de criação e comunicação entre os povos. Em seu livro História e Memória, Le Goff nos mostra
uma luz ao narrar as idades místicas e coloca que:
para dominar o
tempo e a história e satisfazer as próprias aspirações de felicidade e justiça
ou os temores em face do desenrolar ilusório ou inquietante dos acontecimentos,
as sociedades humanas imaginaram a existência, no passado e no futuro, de
épocas excepcionalmente felizes ou catastrófica, por vezes, inseriram essas épocas
originais ou derradeiras numa série de idades, segundo uma certa ordem. (LE
GOFF, 1924, p.283)
Desde
então, trilhamos um longo caminho onde os registros dessas épocas foram se (re)
significando, acarretando em seus suportes o desgaste e a deterioração devido
aos materiais e técnicas adotados em cada período, tendo como seu maior inimigo
o tempo.
Os
posicionamentos defendidos pelas formas de pensar a conservação-restauração e
seus critérios de intervenção tendem a ampliar os conceitos frente às novas possibilidades
científicas e culturais do mundo contemporâneo. Assim como menciona Ana Miguel:
A tendência da Humanidade em
proteger e conservar aquilo que por diversos motivos era especialmente valioso,
tem sofrido uma série de transformações ao longo da História, determinados pela
evolução do conceito de propriedade assim como os distintos significados
mágicos, religiosos, culturais e políticos atribuídos a suas produções e
pertences, o que vem proporcionando um sentido e alcance diferente segundo o
período histórico e suas circunstâncias a esse interesse conservador. A
História da conservação e restauração, diretamente determinada pelas idéias
religiosas, filosóficas, estéticas e políticas, no plano ideológico, e no plano
técnico, pelos constantes progressos da ciência, configura e explica a
restauração não tanto (ou somente) como uma questão técnica, mas, sobretudo,
como um fenômeno cultural. (MACARRÓN, 1997, p. 13. APUD; ALOISIO, 2008, p. 10)
Diante
disso, buscaremos, para a análise desta pesquisa, as caracterizações do ponto
de vista histórico e estético. Estes dois conceitos, o de ter consciência de
seu tempo e no objeto intervir, são questões debatidas pelo restauro há
décadas, e nos guiarão para nos servir de base teórica para a reflexão sobre a
intervenção do restaurador em uma obra, com vista em uma clara fundamentação
teórica do problema, com seus conceitos e técnicas aceitáveis dentro da ciência
da restauração, de modo que a obra possa ser vista e estudada como um todo, sem
a interferência dos danos.
Em seu livro Teoria da Restauração, Cesare Brandi (2005 p.30) afirma que “a restauração constitui o momento metodológico do reconhecimento da obra de arte, na sua consistência física e na sua dúplice polaridade estética e histórica, com vistas à sua transmissão para o futuro”. O autor, ao teorizar sobre o restauro, é considerado um dos protagonistas na área. Brandi trabalha para ampliar os conceitos frente à nova fase do restauro, marcada com o fim da II Guerra Mundial, quando afetou grande parte das construções existentes na Europa do século XX. Em seu livro, Brandi trabalha de modo a adaptar as novas exigências, onde seus conceitos ficaram conhecidos por “restauro crítico”, defendendo que os valores artísticos prevalecem sobre os históricos. Para Brandi, “a restauração deve lograr o restabelecimento da unidade do bem cultural, sempre que seja possível alcançá-la sem cometer uma falsificação artística nem uma falsificação histórica e sem apagar as marcas que são testemunhas do seu tempo de vida” (BRANDI, 2005, p. 15)
Em Evoluções no conceito de restauro, texto publicado em Cartas do Restauro[1], os autores mencionam as passagens dos conceitos a partir da Grécia antiga, quando o restauro se caracterizava pela recuperação dos objetos, não tanto pelas suas funções, mas sim pela espiritualidade que representavam. Na Roma antiga, restaurar significava reparar e refazer com formas mais grandiosas, baseadas nas exigências do momento. O objetivo do restauro era perpetuar a memória e a glória do povo romano, tornando-o imortal. Da Idade Média até o Renascimento continuam a praticar transformações sobre as obras do passado, realizando novas adaptações e reconstruções. Na Idade Clássica, restaurar significa reinterpretar o antigo com uma chave moderna.
As transformações na Europa durante o século XVIII, consequência dos diversos movimentos ocorridos na época, assim como a Revolução Industrial, o Iluminismo e a Revolução Francesa, acarretaram em abandono, destruição e esquecimento aos velhos monumentos do século XIX. Dentro dessas mudanças ocorridas neste período, em diferentes campos do conhecimento, o pensamento em torno do restauro teve que se adaptar aos novos métodos de intervenção, frente às novas descobertas científicas e tecnológicas, principalmente as pesquisas que a indústria química poderia trazer.
As
primeiras formulações teóricas sobre o restauro, visava despertar uma
consciência histórica de preservar contra o esquecimento, criando assim, uma
consciência e identidade histórica.
Um
dos primeiros a pensar e desenvolver as ideias sobre o restauro foi o francês
Viollet-le-Duc (1814-1879) o qual defendia uma linha intervencionista.
Viollet-le-Duc defendia a reconstituição das partes faltantes do objeto,
considerando que sua intervenção contribuiria para levar à perfeição a obra
restaurada. Para o autor, os restauradores dos séculos passados não tinham as
ferramentas e técnicas “atuais” para a sua modificação. Em 1858, desenvolve
suas ideias em que se exprime dizendo “a palavra e o assunto são modernos.
Restaurar um edifício não é mantê-lo, repará-lo ou refazê-lo, é restabelecê-lo
em um estado completo que pode não ter existido nunca em um dado momento.” (le-Duc,
2006, p.20)
Para Viollet-le-Duc o que
sobreviveu até a sua época deveria ser estudado em sua concepção original,
mediante documentos e desenhos do projetista, ou, na sua falta, observar os
edifícios em sua volta, sem inventar atributos pessoais, para assim resolver os
problemas estruturais e resguardar parte de seu estilo. O pensamento de Le-Duc
diverge de sua prática, pois ao realizar restauros com invenções e decorações,
não respeita as ideias do passado, tanto da arquitetura, quanto aos aspectos simbólicos
e históricos impregnados nas obras. Foi criticado por diversos pensadores, os
quais o denunciaram por sua violência ao passado em nome de um pensamento
ideológico da época.
Um
dos opositores de seu pensamento foi o
inglês John Ruskin (1819-1900) o qual defendia uma linha anti-intervencionista,
argumentando que não deveria se modificar uma obra, e que sua intervenção
destruiria o passado em suas bases originais. Para Ruskin, todo o desgaste
causado pelo tempo deveria permanecer intacto e o destino de todo monumento era
virar ruína, assim, os valores políticos, sociais e culturais se diluiriam e se
criariam novas formas de organização e pensamento.
Através do restauro se processa o reconhecimento do objeto criado pelo artista. Nessa produção, onde habita o universo do artista, se revela também a sua subjetividade frente às suas experiências e as relações e vivências sociais de seu tempo. Para Jorge Coli a arte “é fruto de uma construção social e cultural”. Cada período histórico reflete o conjunto de características de um determinado contexto de tempo e espaço em que foram criados.
Dentre os pensadores e artistas que refletiram sobre o tema, temos o filósofo Schopenhauer quando diz que “a arte é a contemplação das coisas independente do princípio de razão”. O Pintor Van Gogh diz que “a arte é o homem mais a natureza”. O historiador Georges Duby coloca que “a arte é a expressão da sociedade em seu conjunto: crenças, ideias que faz de si e do mundo”. E o Filósofo Schelling, quando diz que “a beleza á percepção do infinito no finito. A arte é a união do subjetivo, da natureza e da razão, do consciente e do inconsciente.” [2]
Todo artista tem seu modo de pensar a arte, nossas experiências dentro dessas dinâmicas de pensamento e criação perpassam por estados alterados de inconsciência, na busca de entendimento e diálogo da existência, sejam eles filosóficos, científicos ou artísticos, para assim que formulado tal raciocínio, ser dialogado e comunicado ao coletivo, acarretando em complexas visões de um mesmo fenômeno.
Em seu livro A dinâmica do Inconsciente, Carl Jung defende que o ser humano tem duas “Persona”, uma é a dimensão cotidiana, outra a dimensão oculta do nosso eu, a qual se manifesta a partir do inconsciente. Para o autor, o inconsciente seria uma espécie de segundo pensamento,
O inconsciente
retrata um estado de coisas extremamente fluído: tudo o que sei, mas em que não
estou pensando no momento; tudo aquilo de que um dia eu estava consciente, mas
de que atualmente estou esquecido; tudo o que meus sentidos percebem, mas minha
mente consciente não considera; tudo o que sinto, penso, recordo, desejo e faço
involuntariamente e sem prestar atenção; todas as coisas futuras que se formam
dentro de mim e somente mais tarde chegarão à consciência; tudo isto são
conteúdos do inconsciente (JUNG, 1984, p.191).
Assim, o
eu sozinho, não é suficiente para atingir certos aspectos da psique humana,
precisamos de estímulos quando não se tem ou trabalha a estrutura psíquica, as
quais para Jung se constroem a partir de ‘símbolos e imagens simbólicas’ que
são a melhor maneira de representar algo que não conhecemos. Segundo Jung (1984, p.35) “por existirem inúmeras coisas
fora do alcance da compreensão humana e que freqüentemente utilizamos termos
simbólicos como representação de conceitos que não podemos definir ou
compreender integralmente”.
Os símbolos sempre foram representados buscando condensar princípios vitais do ser humano, instintos manifestados incompreensíveis e inimagináveis do indivíduo, manifestado e materializado, muitas vezes, através de algum fenômeno artístico. Para Fayga Ostrower:
“a criatividade é a
essencialidade do humano no homem. Ao exercer o seu potencial criador,
trabalhando, criando em todos os âmbitos do seu fazer, o homem configura a sua
vida e lhe dá um sentido. Criar é tão difícil ou tão fácil como viver. É do
mesmo modo necessário. (OSTROWER, 2002, p.166)
Saindo
do plano intuitivo da arte, a restauração vem se aprofundando em uma atividade
científica nos últimos anos, em um desafio de objetivar o conhecimento das
práticas de intervenção. Seus métodos são embasados pelo conhecimento da
história da arte, que respalda no período em que a obra foi criada e os
materiais e técnicas adotados, sua iconografia, que trata do tema ou mensagem
das obras; e os procedimentos de intervenção a ser adotada buscando devolver ao
objeto sua integridade física, estética e histórica.
Os materiais e métodos impregnados nesta empreitada variaram com o tempo, não podendo se fechar a um único período, pois, em cada momento histórico e de evolução da indústria química, os processos de intervenção se modificam, tendo o restaurador que se defrontar com os danos causados tanto pelos processos físicos, mecânicos, biológicos e tecnológicos, que são processos naturais, quanto pela mudança de seu suporte trabalhado, sendo a rocha como primeiro suporte, seguindo com a madeira a tela.
[1]Cartas do Restauro. Fundamentação teórica do Restauro. Traduzido do
original em italiano,em«http://maxpages.com/achille32»,
por António de Borja Araújo - 2003
[2]SOMESB - Sociedade
Mantenedora de Educação Superior da Bahia. Revista da Faculdade de Tecnologia e
Ciências - Ensino a Distância. Edição 1 Bahia- Ba – 2007. P. 8
(pesquisa em andamento – Introdução do texto sobre Restauro)
BRANDI,
Cesare. Teoria da Restauração. São Paulo: Ateliê, 2005.
COLI,
Jorge. O que é Arte. 15ª ed., Editora Brasiliense, São Paulo, 1995.
ETZEL,
Eduardo. Anjos Barrocos no Brasil:
angelologia. São Paulo: Ed. Kosmos, 1995.
JUNG,
Carl Gustav. A dinâmica do Inconsciente. Petrópolis: Ed.
Vozes, 1984.
MACARRÓN, Miguel. MARIA, Ana. Historia
de la Conservación y la Restauración.
Madri: Tecnos.
1997. p. 13. Apud, A Trajetória Histórica da Conservação-restauração de Acervos
em Papel no Brasil. Aloisio Arnaldo Nunes. Tese de mestrado. 2008
OSTROWER,
Fayga. Criatividade e processos de criação. Petrópolis: Vozes, 2002.
RUSKIN,
John. A Lâmpada da Memória. São Paulo: Ateliê Editorial, 2008.
SOMESB
- Sociedade
Mantenedora de Educação Superior da Bahia. História
da arte. Revista da Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a
Distância. Edição 1, Bahia- Ba – 2007. P. 8
VIOLLET-LE-DUC,
Eugene Emmanuel. Restauração. Cotia: Ateliê Editoria, 2006.
Alegoria às artes
A partir de uma visita técnica-cultural monitorada, o documentário aborda o trabalho de restauração da pintura Alegoria às Artes, realizada pela equipe de restauro do Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro
LIVROS
A Lâmpada da Memória – Por John Ruskin
Quase exatamente contemporâneo da Rainha Vitória, John Ruskin (1819-1900), o principal teórico da preservação na Inglaterra do século XIX, foi um dos maiores e mais perspicazes críticos das profundas transformações por que passava então o país. Excêntrico, reacionário, intransigente inimigo da industrialização, Ruskin foi de fato um dos maiores expoentes da crítica romântica, de cunho socialista, à sociedade capitalista industrial e suas evidentes mazelas - miséria generalizada, injustiça social, inchaço urbano, destruição da natureza, entre outras. Sua contribuição foi essencial para as reformas sociais, urbanísticas e de proteção ao meio ambiente, pouco a pouco conquistadas. Não menos importante do que a dimensão política do pensamento de John Ruskin é sua reflexão sobre o papel da arquitetura, e sua preservação, para a sociedade moderna; aspecto por vezes obscurecido pela aversão contemporânea ao exacerbado romantismo oitocentista, do qual constitui um dos pilares.
Recorte de texto retirado do site LivrosFree
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Restauração – Por Eugène Viollet-le-Duc
Viollet-le-Duc foi um dos primeiros estudiosos que, ao pensar no conceito moderno de restauração, tentou estabelecer princípios de intervenção em monumentos históricos e uma metodologia para esse trabalho. Suas teorias e projetos sempre foram muito questionados, aceitos por muitos e combatidos por outros tantos. Apesar de sua racionalidade, lógica e coesão de idéias, sua forma dogmática e abusiva de atuar acabou por condená-lo ao ostracismo nas décadas seguintes. E somente muitos anos após sua morte é que suas teorias foram revistas e avaliadas dentro do contexto em que foram produzidas, evidenciando a contribuição do seu trabalho para o restauro contemporâneo, principalmente em relação à metodologia de projeto (importância dos levantamentos detalhados do edifício) e atuação calcada em circunstâncias particulares a cada projeto (princípios absolutos podem levar a um resultado absurdo).
Recorte de texto retirado do site Vitruvius
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Os Restauradores – Por Camilo Boito
A leitura do texto de Camillo Boito, Os
restauradores, apresentado na Conferência feita na Exposição de Turim, em 1884,
mostra claramente o quanto a teoria da Restauração evoluiu a partir de duas
teorias fundamentalmente antagônicas: a de Viollet-le-Duc e a de John Ruskin. O
amadurecimento é claro e é perceptível a proximidade dos princípios usados na
época (fins do XIX e começo do XX) e os de hoje.
Em Os restauradores, Boito chama a atenção para o
fato de que restauração e conservação não são a mesma coisa, sendo, com muita
freqüência, antônimas. Os conservadores são tidos como “homens necessários e
beneméritos” ao passo que os restauradores são quase sempre “supérfluos e
perigosos”. Dessa forma, dirige seu discurso sobretudo aos últimos, pregando a
precedência da conservação sobre a restauração e a limitação desta ao mínimo
necessário. Há abordagem em relação a formas de restauração de diversas artes:
escultura, pintura e arquitetura, cada uma tendo suas particularidades e
complexidades. A regra geral para a escultura era a de que não houvesse
completamentos, excetuando-se quando fossem devidamente documentados (1), pois
os mesmos poderiam desfigurar a obra, levando-a por um caminho totalmente
diferente do que aquele previsto por seu autor.
Recorte de texto retirado do site Vitruvius (Resenha completa)
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Teoria da Restauração - Por Cesari Brandi
Teoria
da Restauração, inicialmente publicada em 1963, permanece um escrito essencial,
basilar e não superado nesse campo do conhecimento, em que Brandi articula sua
excepcional capacidade intelectual com a vasta experiência prática que acumulou
nas duas décadas de direção do Instituto Centrale del Restauro em Roma (fundado
em 1939). Seu texto é denso, rigoroso, fundamentado em princípios sólidos e
coesos, possuindo uma tal profundidade que se torna uma fonte inesgotável, à
qual se deve sempre retornar para interpretar questões ligadas à preservação de
bens culturais na atualidade.
Cesari
Brandi foi personagem de notável importância no campo das artes no século XX.
Dedicou-se à História da Arte, à Estética e à zestauração, tendo papel
primordial na fundação do Instituto Centrale del Restauro (ICR), em Roma.
(1906-1988)
Recorte de texto retirado do site Vitruvius
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A alegoria do patrimônio – Por Françoise Choay
Esta obra pretende observar os motivos do patrimônio histórico, arquitetônico e urbano conquistar um público mundial, e por quê seu conhecimento, conservação e restauração se tornaram um desafio para os Estados do mundo inteiro. Essa investigação pode esclarecer o culto do patrimônio e seus excessos, e investigar seus laços profundos com a crise da arquitetura e das cidades. A busca de uma resposta que envolva de forma mais profunda o caráter dessa herança em sua relação com a história, a memória e o tempo, passa, para Françoise Choay, por uma volta às origens, uma arqueologia dos conceitos de monumento e de patrimônio histórico.
Recorte de texto retirado do site LivrosFree
Livro completo em LivrosLivres