Pintura



A história da pintura acompanha as transformações do ser humano, desde os primórdios dos primeiros registros nas cavernas, passando pela arte rupestre temos os registros do período Paleolítico superior (antes de 10000 a.C.), seguindo do Neolítico, e em Altamira, Espanha (30000 a.C./12000 a.C.). São imagens de cavalos, bisões e outros animais que indicam uma arte ritual. Temos mais adiante a Antiguidade Oriental, que vai de 4000 a.C. a 331 a.C. Seguindo da Arte Grega e Romana de 700 a.C. a 1a.C. A pintura durante estes períodos representavam um veículo de registro de suas passagens e foi uma das principais formas de significação dos povos desses tempos, até nossos dias.

 Pinturas históricas 
Gravado no Museu Nacional de Belas Artes. Trilha Sonora de Pedro Santos
 e Uakti

 
            



Pintura a óleo

A tinta a óleo é constituída a base de óleo de papoula ou linhaça. Sua história é conhecida por pintores do século XIV, mas somente a partir do século XVI passou a ser popularizada, permanecendo como técnica padrão para pintura de cavalete. A principal revolução da pintura a partir da tinta a óleo foi o emprego de uma substância secativa, segundo Mayer (1996, p.181) “alguns óleo vegetais possuem propriedade de secar formando películas fortes e adesivas, ou por si próprias ou quando auxiliados pela ação de ingredientes adicionais”. As desvantagens é o escurecimento da camada com o tempo e o craquele que a tinta apresenta de acordo com seu envelhecimento. As cores da tinta a óleo são feitas misturando o óleo e pigmento seco. Segundo Mayer

quando a tinta a óleo seca, passa por mudanças que são o resultado de reações químicas e físicas entre os pigmentos e o óleo, bem como por mudanças introduzidas pela oxidação do óleo. O efeito total dessas reações complexas e inter-relacionadas varia para cada pigmento. Entre as propriedades da tinta que são influenciadas pelo pigmento a um grau variável estão a consistência, a velocidade de secagem e extensão da oxidação, além da flexibilidade, dureza, durabilidade e estabilidade da cor da película de tinta resultante. (MAYER, 1996, p.196)

Após um longo período de predomínio da pintura a têmpera e do afresco, a tinta a óleo começou a ser praticada por volta de 1420. Antes deste período os artistas não divulgavam o segredo e o mistério alquímico dos aglutinantes e dos pigmentos, até nos dias de hoje temos uma ideia vaga dos materiais e métodos aplicados. Para Mayer,

um tempo considerado separava esses escritores da épocas em questão, e ainda que muita coisa de valor tenha sido aprendida com eles, seus textos também contém muitos componentes lendários, vagos e incorretos; alguns processos são descritos precisamente de acordo com métodos que sobreviveram ou se desenvolveram segundo diretrizes semelhantes até os dias de hoje, ao passo que outras afirmações constituem as mais estranhas fantasias. (MAYER, 1996, p.17)


Muitos historiadores de arte atribuem como sendo o monge alemão Teófilo, o primeiro a descrever num tratado sobre Artes Medievais durante o século XII. Segundo Mayer (1996, p.18) “as principais fontes literárias que mencionam materiais e métodos de pintura do período clássico e sobre as quais pesquisadores basearam muitas de suas deduções são Vitrúvio e Plínio, com relatos menores de Teofrasto e Dioscorides”. 

Após séculos de experimentos, no final do século XIV a introdução de catalisadores conseguiu acelerar a secagem da tinta a óleo, em suas pesquisas Mayer nos relata que “as propriedades do óleo de linhaça, de papoula, de nozes, ou de sementes de cânhamo eram conhecidas por alguns dos autores mais antigos”. A partir do uso da tinta óleo já se tinha o poder de matização das cores e a possibilidade de efeitos de tridimensionalidade, características que a tinta a têmpera não permitia.   
A partir do século XIX como consequência da revolução industrial, as técnicas da pintura passaram por diferentes mudanças, uma delas contando com o desenvolvimento da indústria de tinta a óleo, as pesquisas químicas introduziram novos pigmentos, definindo novos seguimentos na trajetória da pintura.   

        A história da pintura no Brasil teve seus primórdios durante a colonização, geralmente sempre vinculado às instituições religiosas, segundo Levy (1949, p. 251) “o retrato desta época constitui, ao lado da pintura religiosa decorativa, a parte mais numerosa do patrimônio artístico brasileiro do período colonial”. Em seu ensaio intitulado A Pintura Colonial em Minas Gerais Rodrigo Mello Franco de Andrade, faz um estudo sobre as origens das pinturas em minas, e considera o desenvolvimento da pintura brasileira do período colonial independente da evolução da arquitetura no país da época. O autor afirma,

com os escassos elementos disponíveis, pode-se informar, todavia, que as primeiras obras pictóricas de significação em Minas Gerais (como, de resto, em todo o Brasil) foram executadas para decoração de igrejas e edifícios públicos, com emprego do óleo ou tempera sobre madeira, em forma de painéis retangulares no revestimento das paredes e obedecendo, nos tetos, a forma de painéis dos forros de armação. (ANDRADE. 1978, p. 14)

A partir de meados do século XIX, vários fatores são fundamentais para a produção de imagens no Brasil, uma delas foi à missão artística em 1816, após a chegada da Corte Portuguesa, segundo Eliane Dias,

foi somente após a chegada da Corte Portuguesa em 1808 e, principalmente, da Missão Artística em 1816, que a produção de retratos escapou definitivamente da primazia religiosa. Acentuou-se a produção de retratos de figuras ilustres da política da corte, constatando-se, assim, o desenvolvimento da retratística voltada ao âmbito oficial. Neste gênero, no final do século XVIII e nos primeiros anos do século XIX, destacaram-se artistas como José Leandro de Carvalho, Leandro Joaquim, Francisco Pedro do Amaral e Simplício Rodrigues de Sá, cujas produções já se destacavam antes da chegada dos pintores franceses.[1]

            Neste período não havia o ensino do desenho e pintura no Brasil, vindo a se concretizar dez anos mais tarde com a Academia de Belas Artes em 1826, trazendo também a difusão do neoclassicismo no Brasil.

            O Neoclássico foi um movimento cultural Europeu do século XVIII e parte do século XIX que defendia a retomada dos modelos antigos de criação, principalmente as grego-romanas, pelo seu formalismo na composição, geometria e harmonia das cores. Os temas da pintura Neoclássica abordam assuntos históricos, alegorias, mitologias e retratos. Valorizavam o traço linear e o tratamento da luz, criado uma composição quase teatral.






[1] A representação da realeza no Brasil: uma análise dos retratos de D. João VI e D. Pedro I, de Jean-Baptiste Debret. Eliane Dias; In http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-47142006000100008#back6





Referências Bibliográficas

ANDRADE, Rodrigo de Mello. A Pintura Colonial em Minas Gerais - Revista IPHAN – n. 18 – 1978. Pesquisado em 25 Julho-2015   http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/RevPat18_m.pdf
ATTWATER, Donald. Dicionários de Santos. (trad. Maristela R. A. Marcondes, Wanda de Oliveira Roselli). São Paulo: Art Editora, 1991.
DIAS, Eliane. A representação da realeza no Brasil: uma análise dos retratos de D. João VI e D. Pedro I, de Jean-Baptiste Debret. In http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-47142006000100008#back6 Acessado em Maio/2015
ELIADE, Mircea. Mito e Realidade. São Paulo: Editora perspectiva, 1972.
ETZEL, Eduardo. Anjos Barrocos no Brasil: angelologia. São Paulo: Ed. Kosmos, 1995.
FONTANA, David. Linguagem dos Símbolos. Ed. Publifolha. São Paulo: 2012
JEAN, George. A escrita memória dos homens. Tradução de Lídia da Mota Amaral: Objetiva, 2002.
JUNIOR, Augusto de Lima. Arte Religiosa. Ed. Instituto de História, letras e arte – Belo Horizonte: 1966
LEVY, H. Retratos coloniais. Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n. 9, p. 251, 1945. In, http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/RevPat09_m.pdf- pesquisado de 20 de Julho de 2015
MAYER, Ralph. Manual do artista: de técnicas e materiais. Martins Fontes, São Paulo: 1996.
OLIVEIRA, Myriam Andrade de. A imagem religiosa no Brasil. Mostra do Redescobrimento/Arte Barroca. São Paulo: Fundação Bienal de São Pau, 37-79, 2000
SCHENKER, Libia. História da tinta através da arte ocidental. Revista Eletrônica Jovem Museologia, 2008.